Lamarckismo:
Lamarck ( Philosophie Zoologique, 1809) explicava a existência da evolução por dois princípios fundamentais:
1. Lei do uso e desuso.
2. Lei da herança dos caracteres adquiridos.
Segundo Lamarck o ambiente condiciona a evolução, levando ao aparecimento de características que permitem aos indivíduos adaptarem-se às condições do ambiente onde vivem. A adaptação representa, então, a faculdade que os seres vivos possuem de desenvolver características estruturais e funcionais que lhes permitem sobreviver em determinado ambiente.
A lei do uso e do desuso, explica as modificações que levam à adaptação, pois a necessidade cria um órgão e a função modifica-o, isto é, se um órgão é muito utilizado desenvolve-se, tornando-se mais forte, vigoroso ou de maior tamanho. O pescoço das girafas desenvolve-se a medida que necessitam alcançar as folhas mais tenras presentes na copa das árvores da savana africana, pois sua dentição é frágil e inadequada às ervas existentes no solo. Os olhos das topeiras atrofiaram pela vida subterrânea, pela falta de luz e o seu desuso.
Segundo a lei da herança dos caracteres adquiridos, as modificações que se produzem nos indivíduos ao longo da sua vida, como conseqüência do uso e do desuso, são hereditárias, originando mudanças no conjunto da população.
Críticas à Lamarck:
1. É uma explicação que dá à evolução uma intenção ou objetivo, ocorrendo alterações como resultado das espécies procurarem o "melhor". A experiência nos mostra que isto ocorre ao acaso. Os seres vivos não se adaptam ao meio, são selecionados pelo meio. Antibióticos e pesticidas não geram seres mais resistentes mas selecionam aqueles que já são mais resistentes mas somente saberemos isto após utilizá-los.
2. A herança dos caracteres adquiridos não se verifica experimentalmente. Ratos (Weissmann) aos quais cortou-se a cauda não desenvolveram descendentes sem cauda. A ablação da cauda afeta células somáticas, que não originam gametas, e suas modificações não estarão presentes por ocasião da fecundação. Somente são hereditárias as modificações em células germinativas, que originam gametas, as ovogônias numa fêmea ou as espermatogônias num macho, cujas mudanças estarão presentes por ocasião da fecundação.
Darwinismo
As idéias de Darwin basearam-se num conjunto de dados recolhidos ao longo de mais de 20 anos, dos quais destacam-se os obtidos durante uma viagem à volta do mundo (HMS Beagle) relatada pelo próprio Charles Darwin na sua "Viagem de um Naturalista o redor do Mundo" (1836).
Fundamentos teóricos do Darwinismo:
1. Dados geológicos :
Durante a viagem Darwin observou numerosos fósseis, descobrindo nos Andes, a milhares de metros de altitude, conchas de animais marinhos incluídas em rochas e presenciou no Chile a uma erupção de um vulcão submarino e a origem de uma nova ilha, próxima ao litoral de Valparaíso.Todos estes dados recolhidos converteram Darwin .
Segundo Lyell, a Terra tem bilhões de anos e está em constantes e graduais modificações, ora de um modo semelhante, para Darwin, a vida sobre a Terra seguiria um mesmo percurso, experimentaria ao longo dos anos mudanças continuas e graduais. "Neste planeta o minuto seguinte nunca repete o minuto anterior" (Prof.Nero Passos). Um dado importante que foi introduzido por Lyell e que teve influências nas ideias de Darwin, foi o tempo.
2. Dados biogeográficos :
A grande diversidade de seres vivos e o aspecto exótico que por vezes assumiam algumas espécies, e também que a fauna e a flora diferiam de continente para continente, constituindo elementos relevantes na formulação da teoria de Darwin. As espécies endêmicas, características de uma determinada região, reforçam o ponto de vista que meios diferentes selecionam indvíduos diferentes. As ilhas Galápagos, localizadas a 1000 km da América do Sul, no Oceano Pacífico, propriedade do Equador e Patrimônio da Humanidade, são percorridas por correntes caprichosas e apresentam uma fauna e flora peculiares. Darwin observou que haviam variedades dentro de cada espécie, distribuídas cada uma em sua ilha.
Depois de analisar todos os dados, Darwin concluiu que as ilhas foram povoadas a partir do continente americano e as características particulares de cada ilha condicionaram a evolução de cada espécie, daí a sua diferenciação. Darwin regressa à Inglaterra, publica tudo isto, e só vinte anos depois é que publica a sua teoria da evolução: "A origem das espécies por via de Seleção Natural"(1859).
“Provavelmente todos os seres orgânicos que já existiram nesta Terra
descendem de alguma forma primordial, na qual a vida foi anteriormente revelada (...)”
Charles Darwin, A Origem das espécies, 1859.
3. Seleção artificial:
Ao longo de gerações o Homem foi capaz de selecionar indivíduos com características desejáveis utilizando-os em cruzamentos planejados. Se se pode obter tanta diversidade por seleção artificial, de um modo análogo é possível que ocorra na Natureza um seleção consumada pelos fatores ambientais, designada por seleção natural.
4. Crescimento das populações :
De acordo com Malthus a população humana tende a crescer para além das possibilidades do meio, cresce exponencialmente, geometricamente, enquanto que os recursos alimentares crescem em progressão aritmética. Darwin utilizou as ideias de Malthus e adaptou-as às populações animais. Embora as populações tendem a crescer em progressão geométrica devido ao seu potencial reprodutor, na verdade o número de indivíduos não aumente muito de geração em geração, sendo a curva de crescimento uma curva em S. Na enorme diversidade do mundo vivo, e devido à escassez de recursos, vai ocorrer uma luta pela sobrevivência e, como resultado dessa competição, a partir de certa altura a mortalidade compensa a natalidade e o crescimento da população estabiliza.
5. Variabilidade intra-específica:
A grande diversidade de seres vivos, e sobretudo a enorme variabilidade existente entre os indivíduos da mesma espécie, constituiu um dado fundamental no estabelecimento do Darwinismo.
Teoria da seleção natural:
O conceito que verdadeiramente caracteriza a teoria da evolução de Darwin é o conceito da Seleção Natural. Este sugere que em cada geração uma parte dos indivíduos de uma população são eliminados porque estabelecem entre eles um "Luta pela sobrevivência" devido à competição pelo alimento, refúgio, espaço e fuga aos predadores. Deste modo sobrevivem os que melhor se adaptarem, isto é, os que possuírem as características que lhes conferem qualquer vantagem em relação aos restantes que ao longo do tempo serão eliminados progressivamente. Os indivíduos mais aptos transmitem essas características à descendência. A acumulação das pequenas variações determina a longo prazo a transformação e o aparecimento de novas espécies.
Resumindo o Darwinismo:
O Darwinismo apresentado por Charles Robert Darwin na sua obra “Origem das Espécies” propõe, baseado em Malthus, que as populações crescem mais rapidamente que as suas fontes de alimento, o que conduz a uma luta pela existência na qual cada indivíduo fará uso das diferenças individuais herdadas dos seus ancestrais; os mais aptos sobrevivem num processo de seleção natural e, como meios diferentes selecionarão indivíduos diferentes, isto originará novas espécies.
Confronto entre Lamarckismo e Darwinismo:
I. Segundo o Lamarckismo o meio cria necessidades que determinam mudanças na morfologia dos indivíduos que, pelo uso, se estabelecem e mantêm na população, tornando-os mais bem adaptados e sendo transmitidas aos descendentes.
II. Segundo o Darwinismo existem entre os indivíduos de uma espécie variações. O meio exerce uma seleção natural que favorece os indivíduos que possuem as características mais apropriadas para um determinado ambiente, tornando-os mas aptos e eliminando gradualmente os restantes.
A seleção natural e a seleção artificial.
Tipos de seleção natural.
A seleção natural é exercida pelo conjunto de fatores ambientais, bióticos e abióticos, sobre os indivíduos. A seleção natural atua permanentemente sobre todas as populações. Mesmo em ambientes estáveis e constantes, a seleção natural, que agirá, neste caso, de modo estabilizador, estará presente, eliminando os fenótipos e os genótipos que se desviam da média. Assim, a seleção natural atua sobre a variabilidade genética selecionando as combinações que melhor adaptam os organismos; a evolução é o resultado da atuação da seleção natural sobre a diversidade genética de uma população.
Como meios diferentes, em épocas diferentes, selecionam e selecionaram indivíduos diferentes, a ação da seleção natural consiste em selecionar genótipos mais bem adaptados a uma determinada condição ecológica, eliminando aqueles desvantajosos para essa mesma condição. É necessário compreender que, enquanto mutação e recombinação gênica aumentam a variabilidade e a biodiversidade, a seleção reduz esta variabilidade pois somente alguns genótipos serão selecionados. Organismos que não possuem essas características podem morrer antes de se reproduzirem. A medida que as condições ambientais não variem, ou permaneçam suficientemente similares, essas características continuam a ser adaptativas e elas tornam-se mais comuns na população. Seleção Natural é assim, essencialmente, reprodução diferencial.
Tipos (modos de atuação) de seleção natural.
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1. Seleção direcional ocorre quando um dos fenótipos extremos é favorecido; o fenótipo médio da população é mudado numa certa direção. A seleção favorece um extremo da distribuição normal da diversidade fenotípica da população. Seleção para um valor de um caráter maior ou menor que a sua média atual. Seleção que altera a freqüência de um alelo numa direção constante, seja para a fixação ou não desse alelo.
Exemplos:
a. Mariposas escuras da espécie Biston betularia aumentaram de número com o aumento da poluição industrial. É um exemplo clássico de seleção que ocorre em condições naturais, denominado de melanismo industrial e refere-se ao aumento de formas melânicas em populações de mariposas. Na mariposa Biston betularia, até a primeira metade do século XIX, a única forma conhecida era branco acinzentada, salpicada de pontos pretos. Exemplares escuros eram encontrados muito raramente. Em Manchester, Inglaterra, a primeira referência de um exemplar escuro data de 1848. Entretanto, em 1895, aproximadamente 98% dos exemplares coletados eram escuros. O que aconteceu para ocasionar essa mudança?
Com a industrialização crescente de várias regiões inglesas, a fuligem produzida pelas fábricas enegreceu lentamente muros e troncos de árvores. Num ambiente sem fuligem, as mariposas claras confundem-se melhor com os troncos das árvores, que são cobertos por liquens. Ao contrário, as de cor escura são enxergadas pelos pássaros, predadas mais facilmente e têm menores chances de transmitirem seus genes a seus descendentes. Quando, porém, o ambiente fica enegrecido pela fuligem, a situação se inverte: as mariposas escuras se escondem melhor dos predadores, sobrevivem e se reproduzem com maior freqüência do que as claras. A cor escura, neste caso, acaba por predominar na população. Hoje já se sabe que a cor da mariposa é hereditária e depende de um par de genes, sendo a variedade escura condicionada por um gene dominante.
b. Aumento de número dos insetos resistentes ao uso de inseticidas.
c. O aumento em tamanho dos cavalos atuais a medida que o ambiente modificou-se de condições florestais para campos.
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