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Luciano G. Nogueira Sou formado em Farmácia Bioquímica pelo Instituto Unificado de Ensino Superior Objetivo e graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Goiás . Atualmente sou professor da Faculdade União de Goyazes e professor titular do Instituto Aphonsiano de Ensino.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

I. SUCESSÃO ECOLÓGICA

Sucessão ecológica é a substituição ou mudança de espécies ou da estrutura da comunidade ecológica ao longo do tempo, freqüentemente progredindo para uma comunidade terminal estável a que se chama clímax (Smith, 1996). A sucessão ecológica é a seqüência de mudanças pelas quais passa uma comunidade ao longo do tempo. As comunidades são associações de populações de várias espécies diferentes e as características de uma comunidade são função do ambiente fisico e das relações entre populações que a constituem. Em última análise as comunidades são desenhadas pelas histórias evolutivas das espécies que as constituem. As comunidades existem num estado de fluxo contínuo. Organismos morrem e outros nascem de forma a tomar seus lugares, a energia e os nutrientes transitam através das comunidades. Quando um habitat é perturbado – uma floresta derrubada, um campo queimado – a comunidade lentamente se reconstrói por colonizações e desaparecimento de espécies.
Uma observação instântanea pode dar a idéia da comunidade ser um sistema estático. Uma análise mais profunda e duradoura salienta que, apesar de a comunidade não mudar de configuração, há substituição permanente de indivíduos. Com o tempo há substituição gradual dessas espécies por outras. Paralelalmente há alterações no meio fisico-químico e origina-se uma nova comunidade diferente das precedentes. Ao longo dos anos pode-se assim, observar a substituição gradual de uma comunidade por uma outra e esta por uma terceira e provavelmente esta por uma quarta.
É um processo unidireccional, as espécies vão sendo substituídas por outras como resposta às modificações que o meio envolvente, responsabilidade inclusive dos seres vivos, vai sofrendo. O ambiente pode ser alterado gradualmente pela própria comunidade e a área fica mais favorável a outras espécies. O gradiente de comunidades característico de um determinado local constitui um sere ou série e a comunidade final denomina-se CLÍMAX.

Quais os mecanismos que provocam a sucessão?
O conceito de sucessão ecológica (vegetação dunar) foi introduzido pelos botânicos Warming (1896) e Cowles (1901). Estudos sobre o desenvolvimento do processo de sucessão levou à elaboração de hipóteses para a sua explicação:
I. Teoria clássica ou de substituição florística que foi desenvolvida por Clements (1916, 1936) e Egler (1954).
II. Connell & Slatyer (1977) propuseram uma hipótese que explica o processo evolutivo por intermédio de 3 grandes tipos de mecanismos: facilitação, presença de fixadores de nitrogênio, tolerância e inibição, competição pelos nutrientes presentes no solo.
III. Lawton (1987) propôs um modelo baseado no acaso.

Vamos utilizar a Teoria clássica (Egler e Clements). Há mudança porque em cada estado as espécies modificam o meio e o meio fica menos apropriado para a própria espécie e propício a outras espécies. Este caráter contínuo e regular de substituição de espécies é resultado das próprias modificações causadas no habitat pelas próprias espécies sucessoras. Por exemplo, as plantas sombreiam a superfície da terra, contribuem com detritos para o solo e alteram o seu teor de umidade. Essas mudanças frequentemente inibem a continuação do sucesso das próprias espécies causadoras e tornam o ambiente mais adequado para outras espécies, que então excluem aquelas responsáveis pelas mudanças.

Existem, basicamente, 3 tipos de sucessão ecológica:
1. Sucessão Degradativa ou Destrutiva: é aquela que ocorre em uma escala de tempo relativamente curta e jamais atinge ao clímax. Ocorre em qualquer tipo de matéria orgânica morta, como o corpo de um animal ou partes de uma planta. Geralmente, diferentes espécies, detritívoros, larvas, vermes, fungos e bactérias, invadem e desaparecem à medida que a degradação da matéria orgânica utiliza alguns recursos e torna outros disponíveis. Outra característica da sucessão degradativa é que ela é um processo finito, uma vez que o recurso, o corpo em decomposição, pode ser totalmente mineralizado ou metabolizado.

2. Sucessão Alogênica: é um tipo de sucessão em que o processo de substituição de espécies ocorre como resultado de mudanças externas ou forças geofisicoquímicas. Um exemplo deste tipo de sucessão pode ser observado em ambientes de transição entre mangues e vegetação de floresta, causada principalmente pela deposição de sedimentos.
Neste exemplo, observa-se que as plantas acompanham o processo de deposição de sedimentos, já que as espécies vegetais colonizam áreas em determinadas alturas à nível do mar de acordo com sua tolerância à inundação.
A Comunidade pioneira (ECESE ou ECESIS) é constituída por poucas espécies que formam uma cadeia alimentar simples e, por isto, muito vulnerável, instável.


• As Comunidades em transição (SÉRIES ou SERES) surgem à medida que novas espécies passam a fazer parte da comunidade pioneira, aumentando a diversidade e a biomassa.
• A Comunidade clímax se estabelece quando ocorre equilíbrio dinâmico natural (HOMEOSTASE) entre todas as populações e o ambiente. Esta comunidade será um conjunto de clima, vegetação e fauna e corresponderá a um bioma.

3. Sucessão Autogênica: ocorre em ambientes recém-criados, geralmente decorrentes de processos biológicos que modificam condições e recursos. Se divide em dois tipos:

a) Sucessão primária: quando este processo se inicia num local onde nada existia anteriormente (rocha nua independentemente das ações humanas) onde as condições de existência não são de início favoráveis. Seu clima é severo e não há nutrientes disponíveis. Encontram-se apenas rochas e solo nu. Alguns organismos, porém, vencem estas condições adversas e se instalam nestes ambientes modificando-os e permitindo que outros organismos menos resistentes ai se instalem. Sendo assim, as comunidades vão se sucedendo, criando um ambiente com condições cada vez mais estáveis.
Uma rocha vulcânica nua pode um dia vir a abrigar uma floresta.
• Num primeiro estágio, há invasão do meio por organismos pioneiros (comunidade pioneira = ECESIS), de modo geral os líquenes, comunidades porque constituídos por algas e fungos, cuja atividade biológica, associada a fatores físicos, altera a composição da rocha e permite a instalação de novos seres, como musgos e samambaias simples. Num segundo estágio, ocorrem substituições graduais de seres vivos por outros, com mudanças completas na composição da comunidade e das características do solo.
• Ao longo de muito tempo de alterações freqüentes, pode ser atingido o terceiro estágio, o clímax, caracterizado pela estabilidade e maturidade da comunidade, que pode ser representada por uma floresta. Nesse estágio, a comunidade apresenta biomassa elevada, alta produtividade primária bruta e é grande a taxa respiratória, o que tende a levar a zero a produtividade primária líquida. No clímax, praticamente todo o oxigênio produzido na fotossíntese é consumido pela respiração dos seres vivos, nada é exportado.
1. Região desabitada (rocha nua-água evapora mais rápido, fixação difícil).
2. Líquenes (chegam pelo vento –pouco exigentes, autótrofos, retêm H2O, fixadoresde N2) –São PIONEIRAS.
3. Produção de ácidos (erosão)e fendas no solo.
4. Enriquecimento do solo com a morte dos pioneiros (matéria orgânica).
5. Terreno mais rico em sais e umidade.
6. Chegada de plantas de pequeno porte (pouco nutrientes e alta taxa reprodutiva).
7. Novas modificações ambientais.
8. Chegada de vegetais superiores.
9. Chegada de animais(proteção e alimentação).
10. Comunidade clímax


Em 1883, a violenta erupção da ilha vulcânica de Krakatoa, na Indonésia, deixou em seu rastro 36 mil mortos e uma cratera aberta no fundo do mar. Outros vulcões já haviam explodido antes, e outros explodiriam no futuro, mas a erupção do Krakatoa teve uma dimensão inédita e até hoje não igualada. A explosão não destruiu apenas a montanha que formava o vulcão: ela riscou do mapa 2/3 da própria ilha onde a montanha estava situada. Cinqüenta anos depois a vida voltou a Krakatoa.

b) Sucessão secundária: quando se desenvolve num local anteriormente ocupado por comunidades bem desenvolvidas, que por qualquer razão foram destruídas, e em que as condições de existência são já favoráveis (fogo, cheias, pastoreio excessivo, desmatamento). A sucessão secundária ocorre quando há destruição da comunidade instalada num dado local, quer por catástrofes naturais, quer por perturbações causadas pelo homem. Esta sucessão é, normalmente, mais rápida que a primária, uma vez que no solo permanecem alguns microorganismos e um razoável banco de sementes e propágulos vegetativos que tornam o substrato, previamente ocupado, mais favorável à recolonização. Independentemente da sua origem, o fogo periódico desencadeia, nas áreas que assola, adaptações nas comunidades bióticas que aí existem, e que assim evoluem no sentido de suportarem cada vez melhor a recorrência desta perturbação.
Leia mais ... Saiba muito mais ... Morcegos frugívoros, fundamentais para a sucessão secundária.


Conclusão: Os organismos que compõem uma comunidade sofrem influência de seu biótipo, o qual, por sua vez, é modificado localmente em função da atividade desses mesmos organismos. A atuação dos organismos da comunidade sobre o biótipo pode provocar alterações no substrato e em outras condições abióticas locais, tais como temperatura, luz e umidade (microclima). Essas alterações no biótipo, provocadas pela própria atividade dos organismos que nele ocorrem, podem estabelecer condições abióticas favoráveis à instalação de outras espécies e desfavoráveis às espécies já existentes na comunidade.
Assim, apesar de o macroclima ser o mesmo, alterações no substrato e nas condições microclimáticas podem determinar mudanças nas comunidades ao longo do tempo. Essas mudanças acabam estabelecendo uma comunidade estável, auto-regulada, que não sofre alterações significativas em sua estrutura. Essa comunidade estável é denominada comunidade de clímax e a seqüência de estágios de seu desenvolvimento é denominada sucessão ecológica. Cada estágio de sucessão, ou seja, cada comunidade estabelecida durante o desenvolvimento da comunidade clímax, é denominado estágio geral ou série.
A sucessão ecológica pode ser definida em função de três características básicas:
-é um processo ordenado e dirigido;
-ocorre como resposta às modificações nas condições ambientais locais, provocadas pelos próprios organismos dos estágios serais;
-termina com o estabelecimento de uma comunidade clímax, que não mais sofre alterações em sua estrutura, desde que as condições macroclimáticas não se alterem.


II. ASSOCIAÇÕES HOMOTÍPICAS (= INTRAESPECÍFICAS)

Associações que ocorrem entre indivíduos de mesma espécie. Podem ser harmônicas, sem prejuízos, ou desarmônicas, com prejuízos para algum dos participantes.

1. HARMÔNICAS E PERMANENTES:

1.1. Colônias: indivíduos de reprodução assexuada, ligados anatomicamente, podendo ou não apresentarem divisão de trabalho.
a) COLÔNIAS ISOMORFAS: todos os indivíduos apresentam igual forma e não há divisão de trabalho. Exemplos : Streptococcus (bactérias de formato esférico que, ligadas entre si, formam um conjunto que se assemelha às contas de um colar); Staphyllococcus (bactérias esféricas formando um conjunto similar a um cacho).



b) COLÔNIAS HETEROMORFAS: os indivíduos ligados anatomicamente apresentam formatos diferentes para funções diferentes. Exemplo: Obelia


Gastrozóides, com numerosos tentáculos, têm função na alimentação.
Gonozóides, sem tentáculos, com função na reprodução, originam medusas.


1.2. Sociedades: seres de reprodução sexuada, anatomicamente independentes, com necessária divisão de trabalho. Exemplo: as abelhas.


Rainha (XX) com 2n =32, as operárias (XX) com 2n=32 e o zangão (X0) com n=16, pois é produto de uma partenogênese.



O vôo nupcial já é uma seleção sexual, pois a rainha copulará com o zangão que a alcançar a grande altura; este zangão morre porque perde os orgãos sexuais e parte do tubo digestivo no decorrer da cópula. A rainha retorna e começa a "postura"; óvulos fecundados originarão às fêmeas (2n). Uma alimentação mais rica em vitamina E, na fase larval, torna o indivíduo fértil e mais longivo (3 a 6 anos): RAINHA. Alimentação pobre em vitamina E, na fase larval, resulta em esterilidade e menor longevidade: OPERÁRIA.


2. HARMÔNICA TRANSITÓRIA: O GREGARISMO.

Indivíduos de mesma espécie reunem-se com um determinado objetivo que, alcançado, os separa.
a) PARA A MIGRAÇÃO, AS ANDORINHAS.
b) PARA OBTER ALIMENTO, OS LOBOS.
c) PARA AUMENTAR A PROBABILIDADE DE FECUNDAÇÃO, Os Polychaeta. Estes anelídeos, com grupos de cerdas que formam parápodes, são "vermes tubícolas", normalmente bentônicos vágeis, vivendo um em cada tubo e que apresentam a desvantagem evolutiva de uma fecundação externa. Em noites de primavera deslocam-se para a superfície das águas, onde machos e fêmeas, aos milhões, liberam óvulos e espermatozóides para uma pequena área, aumentando a probabilidade de fecundação e garantindo a sobrevivência da espécie. Após retornam ao fundo, isoladamente; quando isto não ocorre é comum o macho devorar fêmeas (canibalismo).



3. HOMOTÍPICAS DESARMÔNICAS:

3.1. O CANIBALISMO. Um ser devora outro de sua mesma espécie. Ocorre em espécies usualmente predadoras e constitui um comportamento que ocorre após a cópula entre insetos (Louva-Deus) e uma série de espécies de aracnídeos (escorpiões e aranhas, como a viúva negra).


Louva-Deus, a fêmea muito maior que o macho, o devora após a cópula.


3.2. A COMPETIÇÃO INTRAESPECÍFICA. Relação entre indivíduos da mesma espécie, que concorrem pelos mesmos fatores do ambiente, fatores dependentes da densidade. Entre focas, os machos costumam constituir verdadeiros haréns. Para constituir o harém, o macho conquista, delimita e defende um território, para o qual arrebanha numerosas fêmeas. No início da organização do harém, os machos lutam entre si pela posse das fêmeas. O vitorioso torna-se senhor do harém (Lopes, Sônia. Bio Volume 3. São Paulo, Editora Saraiva, 1997. P. 343).
Entre os vegetais a observamos, com maior destaque, entre as Xerófitas, plantas de solos secos, ou melhor com água a grande distância da superfície. O cactus Cereus é uma típica xerófita, com longas raízes, que competindo por espaço, nutrientes e água, afastam um indivíduo do outro; o caule é do tipo cladódio, verde para realizar a fotossíntese em lugar das folhas que são modificadas em espinhos, para reduzir a transpiração, e um acúmulo de reservas, tanto água quanto alimento, nos parênquimas incolores.


“ Interação ente indivíduos, competindo por recursos LIMITADOS, levando a uma redução na sobrevivência, crescimento e/ou reprodução de, pelo menos, um dos indivíduos envolvidos na interação...”
Fixação, utilizando ao resumo ... Associações intraespecíficas.



III. ASSOCIAÇÕES HETEROTÍPICAS (= INTERESPECÍFICAS)

1. HARMÔNICAS:

1.1. Benefícios mútuos: Mutualismo e Protocooperação.
1.2. Benefícios unilaterais: Comensalismo e Inquilinismo.

Nota: O termo simbiose é amplamente utilizado na literatura, geralmente com vários sentidos diferentes. Simbiose (syn= junto, bios= vida) compreende organismos que viveriam juntos, em estreita associação. Duas definições diferentes:
a) Todas as associações entre membros de duas espécies diferentes (em alguns casos inclui relações intraespecíficas): mutualismo, parasitismo, comensalismo e protocooperação.
b) Apenas as associações mutuamente benéficas (portanto, excluindo-se todas as interações que tenham efeito neutro ou negativo para pelo menos um dos interagentes): apenas mutualismos (facultativos e obrigatórios).
Vamos adotar a primeira, a qual colocamos em negrito.

1.1. COM BENEFÍCIOS MÚTUOS:

1.1.1. PROTOCOOPERAÇÃO: os benefícios são mútuos mas a associação é facultativa.
a) O caranguejo paguro nasce com o abdome desprovido de exoesqueleto e procura uma concha para protegê-lo; se a concha estiver ocupada ele devora o ocupante, o que pode acontecer quando ele cresce e necessita de uma concha maior (predatismo). Para proteger a retaguarda o paguro coloca sobre a concha algumas anêmonas ou actínias, cnidários que o protegem utilizando suas células urticantes ou cnidoblastos, recebendo em troca uma "carona" para regiões onde seguramente ocorrerá alimento para ambos; para as anêmonas isto é ótimo pois são animais bentônicos sésseis (são fixos ao fundo) e dependem que o alimento venha até elas. A anêmona e o paguro podem sobreviver separadamente; a protocooperação, insisto, é facultativa.


b) O peixe palhaço é protegido pelos tentáculos das anêmonas e atrai alimento para elas.


c) O anu alimenta-se dos carrapatos que vivem no couro de búfalos. O búfalo livra-se dos parasitas e o anu obtém alimento.

1.1.2. MUTUALISMO:
Nos LÍQUENES, as algas (gonídias) fazem fotossíntese mas necessitam de umidade. Os fungos (hifas) absorvem água da atmosfera mas necessitam de alimento. Estas espécies de algas e estas espécies de fungos não podem sobreviver separadamente; o mutualismo é uma associação obrigatória.


Leia mais ... Saiba mais ... Os figos, produto do trabalho de "vespinhas".


1.2. COM BENEFÍCIOS UNILATERAIS: uma só espécie beneficia-se mas a outra não sofre danos.

1.2.1. COMENSALISMO: apenas uma das espécies se beneficia, obtendo alimento sem, no entanto, prejudicar ou beneficiar a outra espécie envolvida. Neste tipo de relação, o comensal se alimenta daquilo que é rejeitado pela outra espécie. Os comensais são comedores de restos. Exemplo clássico ocorre entre o urubu e o homem. O urubu alimenta-se dos restos deixados pelo homem e outros animais, seja em lixões, aterros, etc.. Nas savanas, as hienas alimentam-se de restos de leões e cães selvagens.



1.2.2. INQUILINISMO: é uma associação positiva para um dos seres e neutra (sem prejuízo e sem ganho) para o outro (o que "aloja", o "dono da casa"). Quando um ser, o inquilino (espécie beneficiada), obtém proteção ou suporte, nunca alimento, no corpo da espécie hospedeira. É típica das plantas epífitas (bromélias e orquídeas) que aderem a um local alto no caule de uma árvore para um ótimo em luminosidade, nem o excesso da copa nem a luminosidade reduzida ao nível do solo.




2. DESARMÔNICAS:


2.1. Com prejuízos orgânicos que podem levar à morte: PARASITISMO.
2.2. Um ser mata outro para depois usá-lo como alimento: PREDATISMO.
2.3. Uma espécie captura e faz uso do trabalho, das atividades e até dos alimentos de outra espécie: ESCLAVAGISMO.
2.4. Um ser libera substâncias que inibem o crescimento de outras espécies: AMENSALISMO.
2.5. Uma disputa pelo espaço e alimento: COMPETIÇÃO INTERESPECÍFICA.

2.1. PARASITISMO: é uma associação entre indivíduos de espécies diferentes na qual uma das espécies, denominada "parasita", causa prejuízos à outra, denominada "hospedeiro". Do hospedeiro, o parasita obtém abrigo e nutrientes, além de substrato para se reproduzir. Há duas categorias de parasitas: os ectoparasitas ou exoparasitas e os endoparasitas. Os primeiros vivem sobre a superfície do corpo do hospedeiro e os últimos vivem no interior do corpo do hospedeiro. Endoparasitas que vivem no interior de células do hospedeiro são denominados parasitas intracelulares. Os exemplos mais comuns de ectoparasitas são os piolhos, os carrapatos, o cravo da pele, o bicho-de-pé e o bicho da sarna, além de outros.


Exemplos de endoparasitas são o plasmódio e o tripanossomo, protozoários causadores, respectivamente, da malária e da doença de Chagas. São exemplos, também, os vírus, causadores de várias doenças, desde a gripe até a febre amarela e a AIDS.
Também podemos classificar os parasitas segundo modo de transmissão: o contágio direto se dá principalmente por contato sexual e o contágio indireto pode ocorrer através do contato com fômites (objetos pessoais contaminados). Por exemplo, Trichomonas vaginalis. Destacamos a transmissão via água, alimento, mãos, vestígios de matéria fecal e poeira. Protozoários como Entamoeba histolytica e Giardia lamblia são transmitidos através de água ou mãos contaminadas com matéria fecal que contenha cistos. A maioria das infecções por Toxoplasma gondii são adquiridas pela ingestão de carne crua ou mal cozida contendo cistos do protozoário ou por alimento contaminado com fezes de gato.
A medicina preventiva dá uma atenção toda especial a transmissão por vetores, artrópodos que são hospedeiros intermediários: a transmissão se dá através da picada de insetos vetores como mosquitos, moscas e triatomídeos. Mosquitos do gênero Anopheles são transmissores de espécies de Plasmodium, causadoras da malária. Mosquitos do gênero Lutzomyia são transmissores de espécies de Leishmania, causadoras da leishmaniose tegumentar americana. Moscas do gênero Glossina (tze-tze) são transmissoras de Trypanosoma brucei, causador da doença-do-sono. Os insetos do gênero Triatoma são transmissores do Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas.

Entre os vegetais podem ocorrer raízes sugadoras ou haustórios, presentes em hemiparasitas e holoparasitas. Perfuram o caule do hospedeiro em busca de seiva bruta ou elaborada. Os hemiparasitas (hemi: metade), como a erva-de-passarinho, são clorofilados e realizam sua própria fotossíntese, perfurando o caule do hospedeiro em busca de seiva bruta. Os holoparasitas (holo: total), como o cipó-chumbo (Cuscuta sp.), são aclorofilados, não fazem fotossíntese, e perfuram o caule do hospedeiro até o floema em busca de seiva elaborada.


Leia mais ... Saiba muito mais ... Inseticidas brasileiros à base de fungos (parasitas específicos) podem controlar a dengue e a elefantíase.



2.2. PREDATISMO: é uma relação entre indivíduos de espécies diferentes na qual um animal captura e mata outro de espécie diferente para alimentar-se. É o caso do gavião, da cascavel, da onça, etc. Existem também predadores que se alimentam de vegetais herbívoros); é o caso do gafanhoto, do boi, do cavalo, etc.

2.3. ESCLAVAGISMO: uma espécie captura a outra para utilizar do seu trabalho e alimento. É a interação desarmônica na qual uma espécie captura e faz uso do trabalho, das atividades e até dos alimentos de outra espécie. Um exemplo é a relação entre formigas e os pulgões (Afídeos). Os pulgões são parasitas de certos vegetais. Alimentam-se da seiva elaborada que retiram dos vasos liberianos de plantas como a roseira, a orquídea, etc. A seiva elaborada é rica em açúcares e pobre em aminoácidos. Por absorverem muito açúcar, os pulgões eliminam o seu excesso pelo ânus. Esse açúcar eliminado é aproveitado pelas formigas, que chegam a acariciar com suas antenas o abdome dos pulgões, fazendo-os eliminar mais açúcar. As formigas transportam os pulgões para os seus formigueiros e os colocam sobre raízes delicadas, para que delas retirem a seiva elaborada. Muitas vezes as formigas cuidam da prole dos pulgões para que no futuro, escravizando-os, obtenham açúcar. Lineu descreveu essa associação com certa graça, afirmando: Aphis formicarum vacca (o pulgão, do gênero Aphis, é a vaca das formigas). Alguns autores consideram esse tipo de interação como uma forma de protocooperação, particularmente denominada sinfilia.



2.4. AMENSALISMO OU ANTIBIOSE OU ALELOPATIA (toxicidade biogênica): é a interação desarmônica onde uma espécie produz e libera substâncias que dificultam o crescimento ou a reprodução de outras, podendo até mesmo matá-las.
a) Maré Vermelha. Os dinoflagelados (algas pirrófitas) possuem dois sulcos em forma de cinta, cada qual apresentando um flagelo. O batimento desses flagelos provoca no organismo um movimento de pião. Vem desse fato o nome do grupo, pois dinoflagelado significa "flagelado que roda". O aumento excessivo da população de alguns dinoflagelados provoca desequilíbrio ecológico conhecido como maré-vermelha, pois a água, nos locais em que há excesso desses dinoflagelados, adquire comumente coloração vermelha ou marrom, e as algas secretam substâncias, como o ácido domóico, que inibem o desenvolvimento de outras espécies (amensalismo). O problema está na elevada toxicidade das substâncias produzidas por estas algas que envenenam peixes, moluscos e outros seres aquáticos e, ingeridas pelo homem, acumulam-se no seu organismo, atuando como neurotoxinas. O consumo desses frutos do mar pode acarretar muitos tipos de patologias: a síndrome da paralisia ou PSP (Paralytic Shellfish Poisoning), a síndrome neurotóxica ou NSP (Neurotoxic Shellfish Poisoning), a síndrome ciguatérico, a síndrome da amnésia ou ASP (Aminesic Shellfish Poisoning) e a síndrome da diarréia ou DSP (Diarrheic Shellfish Poisoning). O termo maré vermelha tem sido substituído por florações de algas nocivas (FAN), uma vez que nem sempre a tonalidade da água com florações é vermelha.


b) Penicilina: substância (penicilina) produzida pelo fungo (Penicillium) que inibe o crescimento de populações de bactérias.
c) Monocultura de Eucaliptus: Poluição verde: o eucalipto é uma espécie exótica, originária da Austrália, e além de utilizar muito água, libera para o solo substâncias ecotócrinas, que inibem o crescimento de outras espécies. Forma matas "mudas", quase sem sons, pela ausência quase completa de espécies animais. Praga que é, é capaz de abrigar uma outra praga: a caturrita. Com o desmatamento da região onde habitava, a caturrita não foi extinta como aconteceu com outras espécies. Pelo contrário, hoje é considerada praga para as lavouras do Rio Grande do Sul e perigo às operações de vôo.


Antes, ela construía seu ninho em arbustos de 1,5 m. Hoje é capaz de reproduzir em árvores de 30 m o que, para o seu predador natural, a cobra, é inatingível. A facilidade de se adaptar às mudanças gerou desequilíbrio na cadeia de alimentação, com excesso de caturritas na natureza.

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